segunda-feira, 26 de maio de 2014

BALADA DO AUSENTE

correr e
gritar
e
dizer-te que

o que me dizes é
tragédia e que
noção do tempo só e

só estaremos

  quando amarrar-te nos braços
da outra e então implico que
se lembre de mim, sua e sempre
 sua
só.

por entre os devaneios de uma
realidade desgastada eu suplico
 olha pro mar, pro trigo, pra cama
pensa no toque
no olhar

no atraso da idade para a circunstância
na deficiência do tempo, sempre incerto
                         sempre incoe-rente

fico eu, enfim
por trás da porta cinza, azulada na paisagem
insisto na beleza da cena,
aprecio o encantamento na infelicidade
e, por fim, aceito

o começo
      do
   desencantamento no horizonte; onde
as ondas já não arrebentam e onde o sol
já não nasce.

la beauté de dimanche est allé avec son regard

sábado, 10 de maio de 2014

SEUS OLHOS

I.
Olhando nos seus olhos
noite por noite
loucura após loucura
vejo meu reflexo
re
   penso



Por seus cílios me descubro:
envolta em um mar de
humor aquoso:
seu       amor

e o marrom envolve muito mais que cor.
      são cascas de árvores nas quais me escondo
mas logo vou cedendo ao desencontro
cedi a ti. Cedo e vou cedendo por quanto tempo
me resta nessa
flor-esta

II.
VEJO-TE
te gosto e vou-te seguindo;
te sigo e vou chegando
perdida me encontro em sua
íris

OLHO-TE e reflexiono
sobre dádivas de ter-te assim:
como fumaça que logo vai
mas tão belo quanto; assume papel
efêmero em mí

e some

domingo, 20 de abril de 2014

Out of nothing
My feelings about everything have suddenly changed
like the sun in the sunset

           like the lips of those whose no longer love themselves
like the petals of a dead flower during winter sadness

Empiness has taken over my body and soul;
But tell me why, my darling, my angel and my everything

 Why can't we feel the same way?
  DO WE?

quinta-feira, 27 de março de 2014

Meu maior sonho
é de ser amada tanto quanto o amei, algum dia

Ode ao futuro/ Canto de uma alma em desapego

Pois então é isso. Chegamos ao fim, amor?
Todos aqueles momentos foram apenas  invenções
de uma alma desesperadamente apaixonada por cada
centímetro milimetricamente propositalmente feito para me
deixar presa em seu olhar, me deixar tão brava que, no exato
segundo que a fatalidade viesse a nos (me) acontecer, a certeza
de meu amor falasse mais alto que aquela voz que diz 'pare, que já deu',
aquela blasfêmia orgulhosa que deveria sentir e te mandar pra qualquer
escanteio?

Admito. Não sei como será, se será ou se haverá necessidade de ser.
Não sei mais o que é viver sem amá-lo, e tenho medo de nunca mais
gostar e sentir o que sinto por outro alguém.

Mas está cada vez pior. E eu já não sei o que fazer, nem quem serei
da vida, sem seu amor e, principalmente, sem ti.

sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

luscofusco

O cheiro                da chuva nas  plantas
Naquelas tardes de agosto sem aula                                               todos em um único espaço
No ar, a frieza da estação a certeza de que algo aconteceria a espera a ansiedade
                                                              no ar esvairado
                                                                                        o sentimentalismo a falta dele
                                                                                  ninguém para amar ninguém se não a mim mesma
                                                                     melancolia transboradára naquela estação
o ar que cheirava à gasolina; querosene; veneno causador das tardias dores de cabeça
o ar agora me cheira á desespero em tê-lo em meus braços
                                                                                           mas sei que depois que se for
                     O ar deixará de ter consistência agoniante, quente, suada, cansada. transbordando amor e vontade de você
                                                                                e retornará àquela tarde de dois mi l e de z:
                                                                    frio, vazio, sem propósito e esquecível
                                                                                       como os tempos de tortura que atravessarei sem ti; em minha cama já grande demais para mim; acompanhada apenas pelas
                           lágrimas que aguam o amor de mais alguém
                                                                                     
                                                               
                                                                                                            

segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

AQUIÓ

Momentâneo embalo;
nostalgia ao som das trompetas;

Referindo-me aos embalos que,
se iniciaram ao lado de fora, e
subitamente se arrastaram
para o lado de dentro
do edifício cambaleante

Ao som do silêncio embriagado:
dançamos

Às luzes da noite fria:
a memória

Nas ruas que por ali estavam
passavam: os solitários.
Indiferença

Levanta o braço, olho no olho
riso na cara e música
estraçalhando a cena:
memória

O pescoço; Os olhares;
A menina rindo de canto;
Os outros jogando
Nós nos olhamos

Inutilidade leva à curiosidade
que logo se transformou
naquele olhar que lancei (e lanço)
cada vez que te encontro.

E as trompetas tocando
ao fundo me confortam.